quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Alô? Com quem você quer falar?

Você já falou com alguém no telefone e, em determinado momento da conversa, se deu conta que a pessoa estava falando com outra pessoa ao invés de você e nem te disse "um momento" ou "espera um pouco"? ...
Não é meio estranho? Pois é, essa situação também acontece em cursos online e pelo mesmo motivo: falta de atenção de quem decodifica e transmite a mensagem: o Designer Instrucional.

Esse profissional é responsável por tantas tarefas ao mesmo tempo que, muitas vezes, não consegue parar para pensar no aspecto mais importante do seu trabalho: "Este conteúdo está claro para o público-alvo?". Por clareza, entende-se que a maioria dos alunos precisará ler apenas 1 vez para assimilar a ideia. Mas sabemos que não adianta ter um texto claro e bem escrito se não houver sequência lógica e encadeamento de ideias, ou seja, didática.

E quando o DI finalmente consegue transformar aquele conteúdo bruto (beeem bruto) em um texto fluido, claro, coeso e didático... o que poderia dar errado?


Simples: falar com uma terceira pessoa do "além", como no telefone!

Onde está o perigo: principalmente em diálogos de exemplificação ou demonstração, ou, mais especificamente, na transição do diálogo para o conteúdo.

Observe abaixo o slide de um storyboard e adivinhe quem é o público-alvo do curso:



Resposta: é um curso para vendedores. O que significa que:

  • O diálogo está adequado, porém, o box de texto amarelo "conversa" com o cliente e não com o público-alvo do curso: vendedores.

Pode parecer um detalhe pequeno e imperceptível, mas multiplique isso por 30, 40, 60 telas de curso e pergunte ao aluno quantas vezes ele precisou se perguntar se era ele ou o cliente que deveria agir da forma como o curso orienta.

Logo, precisamos prezar pela clareza, fluidez, coesão, didática e, além de tudo isso, ter a certeza de que o texto "conversa" com o público-alvo em qualquer estratégia aplicada.
Não é difícil, basta treinar a si mesmo a cada revisão de roteiro.


sexta-feira, 1 de abril de 2011

As competências do tutor virtual

[...] A mediação pedagógica é uma função primordial em cursos on-line e, para Gutierrez (1994), pode ser conceituada como "o tratamento de conteúdos e de formas de expressão dos diferentes temas, a fim de tornar possível o ato educativo dentro do horizonte de uma educação concebida como participação, criatividade, expressividade e racionalidade".

Segundo Prado e Martins (2002), para fazer a mediação:
o professor necessita ter clareza da sua intencionalidade (o quê, como e porque) e ao mesmo tempo conhecer o processo de aprendizagem do aluno. Este conhecimento do aluno, no entanto, não deve restringir-se aos aspectos cognitivos, é preciso considerar a existência da inter-relação dos aspectos afetivos e contextuais (sociais e culturais) no processo de aprendizagem.

As funções de facilitador e mediador da aprendizagem, motivador, orientador e avaliador competem ao tutor, ao qual é possibilitado um vasto campo de atuação. Este deve desenvolver estratégias e dinâmicas para evidenciar sua função diante da turma (WEIDUSCHAT, 2002). [...]

De acordo com Litwin (2001), as intervenções do tutor na educação a distância, distinguem-se em função de três dimensões de análise, conforme está na seqüência:
Tempo – o tutor deverá ter a habilidade de aproveitar bem seu tempo, sempre escasso. O tutor não sabe se o aluno assistirá à próxima tutoria ou se voltará a entrar em contato para consultá-lo; por esse motivo aumentam o compromisso e o risco da sua tarefa.
Oportunidade – o tutor tem de oferecer a resposta específica quando tem a oportunidade de fazer isso, porque não sabe se voltará a ter.
Risco – aparece como conseqüência de privilegiar a dimensão tempo e de não aproveitar as oportunidades. O risco consiste em permitir que os alunos sigam com uma compreensão parcial, que pode se converter em uma construção errônea sem que o tutor tenha a oportunidade de adverti-lo. Assim, “o tutor deve aproveitar a oportunidade para o aprofundamento do tema e promover processos de reconstrução, começando por assinalar uma contradição”.
Nos ambientes virtuais, os contextos educacionais assumem um valor especial que requerem do tutor uma análise fluida, rica e flexível de cada situação, vista sob o ângulo do tempo, oportunidade e risco, que imprimem as condições institucionais da EaD. [...]

Extraído de:
CABRAL, Tiscilla Lima. A importância do tutor na mediação pedagógica virtual: a visão do aluno. Brasília-DF, Universidade de Brasília / Faculdade de Educação (Trabalho Final de Curso), 2007.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Os saberes necessários ao professor na EAD

Antigamente, pensava-se que “ensinar” era sinônimo de transmitir informações ou de estimular o aparecimento de determinadas condutas. Nesse contexto, a tarefa do professor consistia em assegurar o cumprimento dos objetivos, servindo de apoio ao programa do que chamavam de "educação a distância". No mundo globalizado, a mera transmissão de informações já não é mais suficiente para os alunos, pois eles necessitam ampliar seus conhecimentos e discutir suas opiniões para desenvolver-se nas esferas acadêmica e empresarial.

Para que um curso seja veiculado a distância e mediado pelas novas tecnologias, é preciso contar com uma infra-estrutura organizacional complexa – técnica, pedagógica e administrativa. O ensino a distância requer a formação do docente que trabalhará para desenvolver cada curso, e definir a natureza do ambiente online em que será criado.

A inserção das tecnologias na educação abre espaço para uma aprendizagem mais dinâmica e, consequentemente, menos cansativa, comparada às predominantes exposições teóricas, tornando-a mais eficaz a partir do momento que se adapta aos atuais costumes da sociedade. Mas isso depende de uma metodologia específica dentro de uma pedagogia focada no aluno com uma visão voltada para as tecnologias digitais.

Nos ambientes virtuais, os contextos educacionais assumem um valor especial, que requerem do professor uma análise fluida, rica e flexível de cada situação, a fim de trabalhar apoiar e direcionar o planejamento instrucional do docente. Para embasar um pouco mais essas ideias, recorri à opinião de alguns autores, como indicado a seguir.

Referindo-se aos novos comportamentos que os professores devem adotar no ensino via internet, Peters (2003) afirma que se deve planejar cuidadosamente e com antecedência os cursos e as metodologias que serão utilizadas, manter-se informado e consciente de todo o processo de ensino-aprendizagem e obter dados relevantes para o processo avaliativo. Acima de tudo, os docentes devem ser capazes de refletir sobre o modo especial de se ensinar a distância, tendo-se conhecimento das diferenças entre o ensino presencial e o on-line.

Para Moran (2003), “com a educação on-line os papéis do professor se multiplicam, diferenciam e complementam, exigindo uma grande capacidade de adaptação, de criatividade diante de novas situações, propostas, atividades”. O docente não pode contentar-se com somente uma ferramenta tecnológica, pois “a todo momento surgem soluções novas e que podem facilitar o trabalho pedagógico com os alunos”. Depreende-se a grande necessidade de que o professor crie estratégias pra atualizar, capacitar, formar e acompanhar alunos online na utilização das novas ferramentas disponíveis no ambiente on-line, assim como explorá-las de forma didática e estratégica ao promover a gestão do conhecimento e a interação.

Para Niskier (1999), o professor que atua na EAD reúne as qualidades de um planejador, pedagogo, comunicador, e técnico de Informática. Participa na produção dos materiais, seleciona os meios mais adequados para sua multiplicação, e mantém uma avaliação permanente a fim de aperfeiçoar o próprio sistema. Nesta modalidade de ensino, o educador tenta prever as possíveis dificuldades, buscando se antecipar aos alunos na sua solução.

Neste sentido, o professor do ensino a distância deve ser valorizado e, ao mesmo tempo, se valorizar, pois sua responsabilidade envolve o sucesso do aluno ao promover o conhecimento.

Referências:
LITWIN, Edith (org). Educação a Distância: Temas para Debate de uma Nova Agenda Educativa. Porto Alegre, Artmed, 2001.
MORAN, José Manuel. Contribuições Para Uma Pedagogia Da Educação On-Line. Texto publicado em: SILVA, Marco (org.). Educação online: teorias, práticas, legislação, formação corporativa. São Paulo, Loyola, 2003.
NISKIER, Arnaldo. Educação a Distância: A Tecnologia da Esperança. São Paulo, Loyola, 1999.
PETERS, Otto. A educação a distância em transição. São Leopoldo – RS, Unisinos, 2003.