segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Comentando o texto “Tendências da educação online no Brasil”

A cultura contemporânea brasileira preza por uma educação presencial, tendo o professor como detentor do conhecimento e a convicção de que só é possível obter uma educação de qualidade nesses moldes. Essa situação dificulta a disseminação da educação a distância, a qual vem carregada de desconfiança e descrédito por grande parte da população.

As tecnologias estão cada vez mais inseridas na educação, através dos multimeios, tornando a educação mais dinâmica e, consequentemente, menos cansativa, comparada às predominantes exposições teóricas, abrindo espaço para uma aprendizagem eficaz. Mas isso depende de uma metodologia específica dentro de uma pedagogia focada no aluno com uma visão voltada para as tecnologias digitais.

Os cursos a Distância, na vertente on-line, que envolvem um grande numero de alunos podem ser individuais, ou seja, disponibilizam o material online, o qual é utilizado pelo aluno para fazer as avaliações que são corrigidas automaticamente. Para que esse curso seja efetivo, o aluno tem que estar pronto, sendo este maduro, auto-suficiente e auto-motivado. Há também, em outros cursos, momentos de interação entre o aluno e seu tutor/orientador, a fim de receber todo o apoio necessário com relação ao curso e suas ferramentas.

Quando a ferramenta em questão é a televisão, pode-se dizer que é um poderoso meio de ensino, mas não é tão disseminado quanto a internet, apesar de sua ótima eficácia. Tenho uma amiga portuguesa que há vinte anos estudou numa escola em Lisboa que adotava a televisão como estratégia de ensino. Porém as crianças não assistiam em casa, mas sim na própria escola, onde depois se reuniam com tutores e professores para tirar duvidas sobre o que haviam aprendido. Apesar de, à época, esta experiência ter sido considerada comouma forma de educação a distância, para mim se caracteriza como a educação mediada pela tecnologia, utilizando-se de uma metodologia diferenciada e voltada para os audiovisuais com o objetivo de dinamizar o conteúdo e torná-lo mais motivador, podendo, ainda, ser utilizado a distância.

Há também a teleconferência que pode ser utilizada para aulas e discussões em tempo real estando cada grupo de alunos em lugares distantes.

É necessário adaptar cada curso ao meio utilizado para sua realização, além de exigir que os alunos sejam maduros e auto-gestores, a fim de assegurar que se atinja os objetivos do curso. Se os alunos não tiverem um grau de maturidade para fazer o curso, este deve ser elaborado especificamente de acordo com o perfil dos alunos de modo a oferecer tutoria e espaços a fim de que se desenvolva a sociabilidade.

As novas tecnologias têm grande contribuição no desenvolvimento do Brasil, tanto no âmbito educacional quanto no político, econômico, pessoal, etc. Elas aumentam a produtividade e o capital de uma empresa, por exemplo, quando um empresário conversa com uma pessoa pelo computador em tempo real, sem precisar se deslocar de um local ao outro.

As empresas têm que estar sempre inovando e qualificando seus funcionários para que estes utilizem as novas tecnologias, pois isto ditará o desenvolvimento e progresso das mesmas.
É necessário que os diferentes cursos a distância sejam elaborados por pessoas competentes e capacitadas para tal ação, com didáticas pré-estabelecidas, sendo estas diferenciadas e dinâmicas, favorecendo o aprendizado do aluno.

O professor, diante de todas essas inovações tecnológicas, precisará de uma capacitação mais elaborada para sobreviver no mercado de trabalho, assim como várias experiências, a fim de preparar-se para desenvolver diversos trabalhos em diferentes situações, para manter a motivação dos alunos no decorrer do curso.

As novas tecnologias exigem alto investimento e a manutenção é cara, tornando-se um problema para a disseminação da educação a distância, estando esta concentrada em áreas restritas onde há um alto capital. Mesmo com todos os prós e contras da educação a distância, esta continua sendo uma boa saída para o ensino diferenciado, seja este na escola, na universidade ou na empresa. Apesar do alto custo, ela é capaz de capacitar pessoas em larga escala e tornar o aprendizado mais prazeroso, quando se utiliza de metodologias empregadas de forma coerente com o multimeio.

Referência
Moran, José Manuel. Tendências da educação online no Brasil. Texto publicado em: Jorge, Eleonora (org.). Educação Corporativa e Educação a Distância. Rio de Janeiro: Editora Qualitymark, 2005

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Uma experiência ruim na EAD pode se tornar um fator motivador para trabalhos acadêmicos!

Falando um pouco sobre Educação a Distância, área que me fascina cada vez mais, contarei uma historinha que, infelizmente, aconteceu comigo, mas poderia ter acontecido com você também.

Não vou citar nomes de pessoas ou instituições, pois este não é o foco da crítica e esse tipo de exposição negativa eu tento evitar sempre!

Em abril deste ano eu me matriculei, gratuitamente, num curso de Supervisores de EAD de renomada instituição pública daqui de Brasília. No começo, estava toda animada com o curso, pois vi ali uma forma de conhecer um pouco mais a EAD e as pessoas que com ela trabalham.

O material didático foi bem selecionado, eram textos voltados pra área pedagógica, ou seja, eu já havia lido muitos deles durante o curso de pedagogia. O curso foi estruturado em 5 oficinas e cada uma tinha 3 momentos, totalizando 15 atividades.

Tinham muitos alunos no curso e foram criadas 5 ou 6 turmas, cada uma com um tutor. Tinha, ainda, o coordenador geral do curso.

Na primeira oficina, lá estava eu, toda animada, lendo os textos e fazendo as atividades, mesmo com toda a dificuldade de tempo, pois as atividades demandavam uma certa dedicação para realizá-las com qualidade. Ainda nesta oficina, os comentários do meu tutor eram bem superficiais sobre as atividades, como “Parabéns.” ou “Gostei da sua resposta.”

A minha expectativa era de que o tutor me ajudasse a refletir melhor sobre o que eu havia aproveitado dos textos ou que me instigasse a compartilhar minhas idéias com os colegas. Porém, nada disso foi feito, e isso não era somente nas minhas atividades, mas nas dos meus colegas haviam comentários parecidos.

Enfim, eu fui ficando desmotivada, pois pensei: “Não é possível que num curso de ‘supervisores de EAD’ os próprios supervisores não dêem bons exemplos...”. Então, no meio da 2ª oficina o meu tutor já não comentou mais as atividades de ninguém e eu resolvi parar o curso, até pra ver se o tutor me mandava um e-mail perguntando se eu estava com algum problema de acesso, sei lá, simplesmente alguma coisa... e nada!

Em junho, quando o curso já havia acabado há umas 2 semanas, eu resolvi entrar no ambiente de aprendizagem pra ver o que as pessoas acharam do curso, se eu que tinha sido exigente demais com o tutor, o que os alunos aprenderam e tal...

Primeiro entrei na sala do cafezinho, ambiente para discussões diversas. Lá, haviam várias mensagens de alunos do tipo: “o curso acabou?”, “nós vamos receber algum tipo de certificado?” ou “terá algum encontro final presencial?”. Percebam que, o curso já havia acabado e os alunos estavam completamente perdidos!

Depois, fui nas atividades dos colegas da minha turma e... nada! O meu tutor não comentava as atividades de ninguém desde que eu saí do curso! E acredite que algumas pessoas, as quais eu admiro pelo que fizeram, entregaram absolutamente todas as atividades.

Então, vendo um curso que tinha tudo para dar certo e, na minha opinião, a tutoria deixou muito a desejar, resolvi mandar uma mensagem pessoal ao Coordenador do curso, ou seja, só ele poderia ler, através do ambiente de aprendizagem, falando sobre as minhas expectativas iniciais e como eu me senti sem o trabalho do tutor, os motivos pelos quais abandonei o curso, etc. A mensagem exclusiva para o coordenador foi enviada com a intenção de não expor ninguem e que ele conversasse com os tutores, futuramente, sobre a opinião de uma aluna e se isso seria relevante para melhorar os próximos cursos.

Enfim, o coordenador do curso copiou a mensagem que eu havia enviado e colou em todos os tópicos de discussão, sem me consultar e sem escrever nenhum comentário. Apenas me mandou uma mensagem pessoal dizendo que conversaria com os tutores.

Poxa vida, essa, na minha opinião, não é uma atitude madura e, muito menos, ética. Daí uma tutora de outra turma resolveu defender o amigo tutor, ao qual eu me referi na mensagem, dizendo que o coordenador sabia o quanto ele era responsável e utilizou-se da ironia e palavras ásperas ao se dirigir a mim. Fiquei atônita e sem reação ao ver tanta indignação infundada de uma pessoa que fazia um papel tão importante no curso. Enviei, então, uma mensagem ao fórum, me desculpando caso eu tivesse machucado alguém, mas que essa não era a minha intenção, muito pelo contrário, queria ali contribuir para um curso que tinha um ótimo potencial. Então, vários alunos começaram a se manifestar sobre seus tutores, em sua maioria de forma negativa, pois as expectativas de muitos não foram atendidas. Alguns alunos demonstraram-se até envergonhados por não ter a iniciativa de fazer algo para mudar o que estava claramente errado no curso.

Concluindo, a postura, tanto do meu tutor quanto da outra tutora que tentou defendê-lo com ataques aos alunos, passou bem longe do que se espera dos tutores on-line. Foi um curso que me trouxe uma visão muito negativa da tutoria e do coordenador. Então, tentando aproveitar a experiência de uma forma positiva, decidi tornar as minhas reflexões tema do meu Trabalho Final de Curso: “A importância da atuação do tutor para a aprendizagem on-line: a visão do aluno”, ao qual dedicarei muito do meu tempo e motivação até o fim de dezembro!

Afinal, desafios são sempre motivadores!!!! =D

quarta-feira, 6 de junho de 2007

A integração Empresa-Escola face à Orientação Educacional, baseada no Programa Adolescente Aprendiz

Contextualização do artigo
Eu estagiei durante um ano numa Empresa Pública e fui coordenadora pedagógica do Programa Adolescente Aprendiz durante o mesmo período. Assim, tive a oportunidade de fazer várias reflexões sobre o Programa e seu impacto na vida profissional e social do adolescente. Escrevi o presente artigo para uma disciplina, mas precisei adaptá-lo para postar no blog. Outros artigos sobre o Programa Adolescente Aprendiz ainda serão postados, assim como outros referentes ao meu trabalho e ao papel do pedagogo em empresas e organizações.
Artigo
O Programa Adolescente Aprendiz tem por objetivo estimular a prática da cidadania, de valores éticos e profissionais e promover a capacitação profissional para execução de serviços bancários e administrativos pelos jovens aprendizes contratados. O Programa é direcionado a adolescentes de baixa renda que estudam em escolas públicas, com idade entre 14 e 18 anos e que desejam atuar como menores aprendizes e capacitar-se para o mercado de trabalho.

O Programa obedece à Lei nº 10.097, de 19 de Dezembro de 2000, que altera dispositivos da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT. O artigo 428 desta Lei prevê o Contrato de Aprendizagem como um contrato de trabalho especial, ajustado por escrito e por prazo determinado, tendo, no caso deste Programa, prazo máximo de dois anos, em que o empregador se compromete a assegurar aos menores do Programa formação técnico-profissional metódica, compatível com seu desenvolvimento físico, moral e psicológico, além de tarefas necessárias a essa formação.

A maioria das empresas que adere ao Programa contrata uma Entidade, sendo esta geralmente sem Fins Lucrativos, para ministrar o curso de Agente Administrativo ou Auxiliar bancário aos adolescentes do Programa. O curso é dividido em módulos de estudo sobre os temas: visão do mercado de trabalho, atitudes necessárias ao bom profissional, procedimentos administrativos/bancários, matemática básica e financeira, comunicação e língua portuguesa, educação digital, cidadania, e, ainda, atividades culturais e desportivas. Porém, o projeto político-pedagógico varia de acordo com a Instituição e as necessidades cognitivas dos adolescentes para executar suas tarefas e refletir sobre seu trabalho.

O conteúdo teórico do treinamento é complementado pela visão prática, seja pela execução dos exercícios práticos sob orientação, seja pela convivência no próprio ambiente de trabalho com a equipe de funcionários durante a execução das atividades sob a supervisão voluntária de um funcionário da Empresa como orientador interno e supervisor.

Normalmente, tanto a entidade contratada quanto a Empresa contratante têm um supervisor/orientador para acompanhar as atividades dos menores, sejam estas exercidas na empresa, na escola ou no curso ministrado. Esse acompanhamento conjunto demonstra eficácia nos procedimentos pedagógicos e administrativos, aumentando o aproveitamento das atividades executadas pelos adolescentes dentro do Programa.

O mercado de trabalho exige que o indivíduo esteja qualificado para tornar-se profissional, mas a escola publica, muitas vezes, não dá base para que o aluno se prepare para as competições demandadas pelo capitalismo. Esse programa vem com o intuito de não só proporcionar o primeiro emprego ao jovem, mas de prepará-lo para produzir, tomar decisões, comunicar-se, supervisionar, gerenciar, dirigir negócios, dentre outras ações. É uma oportunidade que esses jovens dificilmente teriam, considerando-se seu posicionamento na sociedade e sua permanência na escola e a uma melhor qualidade de vida e de trabalho.

A escola não tem atendido às necessidades profissionais dos alunos, e isso acontece em conseqüência de seu método de ensino, que consiste basicamente na exposição teórica do assunto, que é avaliado por provas e testes, levando o aluno a uma formação conformista e acrítica. Os alunos têm a idéia de que o professor é detentor do conhecimento, determinando o que eles têm que fazer, e por isso exitam em manifestar opiniões dentro da escola. Para que a educação seja efetiva, é necessário que a escola valorize os conhecimentos do aluno, visando a formação crítica e criativa do mesmo.

Muitas vezes o aluno trabalhador não consegue conciliar escola e trabalho, pois a escola tem normas inflexíveis, desprezando a realidade do aluno. O Orientador Educacional deve buscar e mediar a participação do aluno nas atividades e decisões escolares, a fim de estimulá-lo a continuar estudando, conscientizando-o do papel da formação na vida profissional do individuo.
No caso do Programa Adolescente Aprendiz, o seu supervisor da Empresa deve buscar: integração do adolescente aprendiz com o ambiente de trabalho e a aprendizagem; incentivá-lo e acompanhá-lo no estudo dos módulos do curso técnico; avaliá-lo de acordo com seu comportamento; identificar e buscar soluções para seu déficit de aprendizagem; e estabelecer um relacionamento que permita transparência, feedback, crescimento e desenvolvimento de aptidões e habilidades do adolescente aprendiz. A vida escolar do aluno influencia em sua permanência do Programa, incentivando-o a comprometer-se mais com a escola. Deve ser feito um acompanhamento psicopedagógico com o adolescente, a fim de que o mesmo cumpra suas responsabilidades escolares e profissionais.

Alguns adolescentes relatam que se sentem desmotivados na escola, por serem repreendidos ao chegar atrasados nas aulas, mesmo que seja em decorrência do trabalho. Nesse caso, o Supervisor da Empresa deve conversar com o Orientador Educacional da escola a fim de se chegar a uma solução conjunta, mas, muitas vezes, há descaso por parte da escola em considerar a realidade do aluno e oferecer soluções para seu mau rendimento escolar.

De acordo com os adolescentes, o Programa traz muitas vantagens, como: crescimento profissional; ajuda financeira; melhor relacionamento em casa, por adquirir mais responsabilidade; aprendizado que gerará grande diferencial em sua vida profissional, referindo-se ao curso técnico; complemento no currículo profissional; melhora da comunicação verbal; dentre outras.

É fundamental que haja transformações nas relações escolares e nas condições educacionais, para que se tenha uma educação de qualidade e formadora de profissionais competentes para o mercado de trabalho. Os pais e alunos devem ser ativos na participação das decisões da escola para dar voz à importância do trabalho e como ele deve ser conciliado com os estudos, sem desconsiderar os aspectos que os unem. Considerando que o Programa Menor Aprendiz seja um integrador dessa ação, é importante que haja flexibilidade e acordo entre o aluno, a escola e a empresa.