quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Uma experiência ruim na EAD pode se tornar um fator motivador para trabalhos acadêmicos!

Falando um pouco sobre Educação a Distância, área que me fascina cada vez mais, contarei uma historinha que, infelizmente, aconteceu comigo, mas poderia ter acontecido com você também.

Não vou citar nomes de pessoas ou instituições, pois este não é o foco da crítica e esse tipo de exposição negativa eu tento evitar sempre!

Em abril deste ano eu me matriculei, gratuitamente, num curso de Supervisores de EAD de renomada instituição pública daqui de Brasília. No começo, estava toda animada com o curso, pois vi ali uma forma de conhecer um pouco mais a EAD e as pessoas que com ela trabalham.

O material didático foi bem selecionado, eram textos voltados pra área pedagógica, ou seja, eu já havia lido muitos deles durante o curso de pedagogia. O curso foi estruturado em 5 oficinas e cada uma tinha 3 momentos, totalizando 15 atividades.

Tinham muitos alunos no curso e foram criadas 5 ou 6 turmas, cada uma com um tutor. Tinha, ainda, o coordenador geral do curso.

Na primeira oficina, lá estava eu, toda animada, lendo os textos e fazendo as atividades, mesmo com toda a dificuldade de tempo, pois as atividades demandavam uma certa dedicação para realizá-las com qualidade. Ainda nesta oficina, os comentários do meu tutor eram bem superficiais sobre as atividades, como “Parabéns.” ou “Gostei da sua resposta.”

A minha expectativa era de que o tutor me ajudasse a refletir melhor sobre o que eu havia aproveitado dos textos ou que me instigasse a compartilhar minhas idéias com os colegas. Porém, nada disso foi feito, e isso não era somente nas minhas atividades, mas nas dos meus colegas haviam comentários parecidos.

Enfim, eu fui ficando desmotivada, pois pensei: “Não é possível que num curso de ‘supervisores de EAD’ os próprios supervisores não dêem bons exemplos...”. Então, no meio da 2ª oficina o meu tutor já não comentou mais as atividades de ninguém e eu resolvi parar o curso, até pra ver se o tutor me mandava um e-mail perguntando se eu estava com algum problema de acesso, sei lá, simplesmente alguma coisa... e nada!

Em junho, quando o curso já havia acabado há umas 2 semanas, eu resolvi entrar no ambiente de aprendizagem pra ver o que as pessoas acharam do curso, se eu que tinha sido exigente demais com o tutor, o que os alunos aprenderam e tal...

Primeiro entrei na sala do cafezinho, ambiente para discussões diversas. Lá, haviam várias mensagens de alunos do tipo: “o curso acabou?”, “nós vamos receber algum tipo de certificado?” ou “terá algum encontro final presencial?”. Percebam que, o curso já havia acabado e os alunos estavam completamente perdidos!

Depois, fui nas atividades dos colegas da minha turma e... nada! O meu tutor não comentava as atividades de ninguém desde que eu saí do curso! E acredite que algumas pessoas, as quais eu admiro pelo que fizeram, entregaram absolutamente todas as atividades.

Então, vendo um curso que tinha tudo para dar certo e, na minha opinião, a tutoria deixou muito a desejar, resolvi mandar uma mensagem pessoal ao Coordenador do curso, ou seja, só ele poderia ler, através do ambiente de aprendizagem, falando sobre as minhas expectativas iniciais e como eu me senti sem o trabalho do tutor, os motivos pelos quais abandonei o curso, etc. A mensagem exclusiva para o coordenador foi enviada com a intenção de não expor ninguem e que ele conversasse com os tutores, futuramente, sobre a opinião de uma aluna e se isso seria relevante para melhorar os próximos cursos.

Enfim, o coordenador do curso copiou a mensagem que eu havia enviado e colou em todos os tópicos de discussão, sem me consultar e sem escrever nenhum comentário. Apenas me mandou uma mensagem pessoal dizendo que conversaria com os tutores.

Poxa vida, essa, na minha opinião, não é uma atitude madura e, muito menos, ética. Daí uma tutora de outra turma resolveu defender o amigo tutor, ao qual eu me referi na mensagem, dizendo que o coordenador sabia o quanto ele era responsável e utilizou-se da ironia e palavras ásperas ao se dirigir a mim. Fiquei atônita e sem reação ao ver tanta indignação infundada de uma pessoa que fazia um papel tão importante no curso. Enviei, então, uma mensagem ao fórum, me desculpando caso eu tivesse machucado alguém, mas que essa não era a minha intenção, muito pelo contrário, queria ali contribuir para um curso que tinha um ótimo potencial. Então, vários alunos começaram a se manifestar sobre seus tutores, em sua maioria de forma negativa, pois as expectativas de muitos não foram atendidas. Alguns alunos demonstraram-se até envergonhados por não ter a iniciativa de fazer algo para mudar o que estava claramente errado no curso.

Concluindo, a postura, tanto do meu tutor quanto da outra tutora que tentou defendê-lo com ataques aos alunos, passou bem longe do que se espera dos tutores on-line. Foi um curso que me trouxe uma visão muito negativa da tutoria e do coordenador. Então, tentando aproveitar a experiência de uma forma positiva, decidi tornar as minhas reflexões tema do meu Trabalho Final de Curso: “A importância da atuação do tutor para a aprendizagem on-line: a visão do aluno”, ao qual dedicarei muito do meu tempo e motivação até o fim de dezembro!

Afinal, desafios são sempre motivadores!!!! =D

10 comentários:

Anônimo disse...

Tiscilla, meu nome é Gílson Dobbin. Trabalho no Núcleo de Educação a Distância da Câmara dos Deputados. Você compreendeu de forma brilhante como deve ser o comportamento do aluno. Em qualquer modalidade educativa. Ousado, preocupado com a qualidade da aprendizagem, assertivo, sem perder a ternura. Parece, pelo seu relato, que a equipe docente deste curso não atingiu o mesmo patamar pedagógico, tampouco ético. Danos morais poderiam ser pedidos por você. Que constrangimento! Você está de parabéns novamente por transformar uma situação constrangedora como aquela. Há um artigo – não é novo, mas atual – da professora Kátia Cristina do Amaral Tavares: “O Professor virtual - reflexões sobre seu papel e sua formação” que poderá ajudá-la no seu trabalho. Um grande abraço

Tiscilla Cabral Dohms disse...

Olá Gilson, li o artigo que você indicou e, para quem quiser, é só acessar o link: http://tjsc5.tj.sc.gov.br/moodledata/12/O_Professor_virtual.doc

A autora traz a visão de vários autores sobre a formação de professores e tutores on-line fazendo uma transição entre ensino presencial e a distância.

Alguns autores utilizados no artigo já estão na minha revisão da literatura da monografia, mas com certeza procurarei outros livros citados para complementar as idéias e reflexões do meu trabalho. Particularmente, gosto muito dos livros de Palloff e Pratt, pois elas contam casos e tornam a leitura mais prazerosa.

Muito obrigada pelo seu comentário!

Anônimo disse...

Tiscilla, sua sinceridade é chave em processos desta natureza. Aliás esta atitude deveria sempre ser adotada por todos nós, pois só assim saberíamos se estamos fazendo nossas tarefas com eficiência e eficácia.
Nunca tive uma experiência de ensino à distância, mas confesso que estou sendo motivada a, principalmente, me candidatar a ser tutora, pois acho que teria um perfil adequado.
Teu comentário me dá ainda mais motivação para buscar esta atividade com uma alternativa, visando entre outros, transferir conhecimentos e ajudar a disseminar novos valores éticos - de modo virtual.
Você tem meu respeito pela forma como se comportou e como soube, de forma elegante, deixar a sua mensagem para os que virem depois de você. Um bom dia Jacimara Ecocâmara- Câmara dos Deputados Brasília.

Rafael Dohms disse...

Excelente relato! Adorei a forma que usou esta experiência negativa e a tornou em tema de seu trabalho, afinal muitas vezes na vida são os desafios e decepções que nos motivam a mudar, nem que seja apenas uma pessoa.

Parabéns pela forma que aproveitou a situação! :D

Anônimo disse...

Tiscilla,
O que não dá certo pode mesmo ser mais interessante para pesquisa do que aquilo que dá certo. :-)
Compartilho seu interesse pela atuação do tutor (ou professor on-line) e tenho um novo texto que aprofunda a questão da formação do professor on-line (ou tutor), já levantada no meu texto “O Professor virtual - reflexões sobre seu papel e sua formação” (indicado por Gílson Dobbin). Esse novo texto foi apresentado como palestra no II Seminário de Estudos em Linguagem, Educação e Tecnologia (II Seminário LingNet) e será um capítulo de livro ainda no prelo. Se desejar, entre em contato comigo através do e-mail ktavares@ufrj.br ou ktavares@uol.com.br para ter acesso ao texto.
Aproveito para sugerir outro artigo que trata da atuação do professor on-line - "O que os aprendizes esperam dos professores na EaD on-line?", de José Paulo de Araújo -
disponível pelo endereço http://www.lingnet.pro.br/producao.htm (que reúne diversos artigos sobre EAD e novas tencologias) ou diretamente em http://www.comunicar.pro.br/artigos/expect.htm.
Gostarei muito de ter notícias de seu trabalho de final de curso. :-)
Sucesso!
Abraços,
Kátia

Anônimo disse...

Olá Tiscilla,

Sou aluno do primeiro ano de pedagogia EAD de uma instituição de ensino particular. Acho que a motivação é algo essencial para conseguir atingir nossos objetivos, seja no trabalho, seja na escola, enfim, a motivação é tudo para a vida do ser humano. É triste ver que alguns tutores não sabem motivar seus alunos, uma simples palavra, as vezes, nos dão força pra continuar em frente. Se por um lado, você teve esta experiência ruim com curso EAD, venho aqui deixar meu depoimento sobre o ensino EAD. É muito prazeroso quando recebo um comentário de nossos tutores, levantando os pontos positivos e negativos do trabalho apresentado, ficando sempre aquela expectativa após a postagem de novo trabalho para ver que o tutor irá escrever do mesmo. Além disso, a integração com os colegas de classe é fantástica, onde participamos intensivamente de uma ferramenta chamada "Fórum". Assistimos aulas presenciais uma vez por mês, para pegar novas apostilas, ou para fazer prova, ou para participar de alguma atividade prática. Só tenho a fazer elogios da instituição da qual estudo, pois lá a motivação e fator primordial por parte dos tutores, que com isso gera uma boa imagem da instituição da qual trabalham.
Vou deixar meu email, caso alguém queira conversar mais sobre o assunto:

adrvitor@yahoo.com.br

Abraços a todos

Anônimo disse...

Interessante seu relato, Tisci. Mas problemas técnicos acontecem com todos. Será que a coordenação do curso passou por problemas técnicos que não de responsabilidade delas, que culminou nesse "fracasso" que você relata? Eu faço um curso de Especialização em EaD que teve problemas sérios com acesso por cerca de 2 meses, no início do ano. Infelizmente, o mais competente dos tutores está sujeito a tais problemas técnicos. Como ficamos dependentes da tecnologia, uma pequena falha pode travar todo o processo. Concordas?

Como tutor, já passei por isso e é realmente estressante. Foi um período turbulento e que gerou revolta por um problema que fugiu do nosso alcance (depender de outros para fazer sua tarefa é complicado, não acha?). Pense direitinho e ponha-se no lugar dessa equipe. Como tutora, quando toda a sua tecnologia falhar, ser servidor queimar e perder todos os dados do seu curso, como você se portará? Será que você será taxada de má tutora?

Abraços fraternos.

Tiscilla Cabral Dohms disse...

Olá Saraiva,

Com certeza os problemas técnicos com o ambiente virtual e seu acesso e ferramentas constituem um obstáculo à tutoria e à aprendizagem dos alunos. Todos nós estamos sujeitos a isso e, infelizmente, na maioria das vezes, dependemos do trabalho de outras pessoas para resolver. Porém, temos que, ao menos, tentar criar estratégias para driblar as dificuldades e alcançar nosso objetivo final, que é o conhecimento.

Sobre o curso que descrevi, não excluo, de forma alguma, a possibilidade da falha tecnológica e alguns alunos e tutores até relataram dificuldades em alguns momentos. O problema foi o abandono de um tutor, enquanto os outros continuavam acessando o ambiente e interagindo com seus alunos. Penso que, se há problemas tecnológicos somente com algumas pessoas, é mais fácil resolver e acredito que era este o caso. Se o caso do tutor fosse problemas pessoais, por exemplo, acho que seria muito digno da parte dele conversar o coordenador para uma possível substituição ou redivisão de turmas, talvez. O que não acho profissional da parte dele é o aparente descaso. Aqui está exposto como uma crítica, mas acima de tudo eu tive lições nesse curso, mesmo que inacabado. Isto porque a gente também aprende com os erros dos outros.

Eu não faço a mínima idéia do motivo de todos os acontecimentos naquele curso e só posso supor, pois foi essa a alternativa que os tutores e o coordenador me deram, a partir do momento em que não houve explicações e sim atitudes pouco ou nada éticas por parte de alguns. E aqui estão um pouquinho dos meus pensamentos e até sentimentos sobre o acontecido, como aluna.

Abraços e sucesso,
Tiscilla

Unknown disse...

Olá Tiscilla,
Faço um curso a nível de pós em EAD e sua contribuição é muitoooo importante para todos os tutores( principalmente) e alunos de cursos à distância. Parabénsss!! pela determinação, coerência em seus objetivos que te levaram a buscar esse aperfeiçoamento.Faço minhas as palavras de todos os colegas que aqui já disseram o quanto foste profissional, mas, acrescentaria mais um aspecto: CONTINUE ASSIM!!!
não desista nunca de FAZER, AGIR DE FORMA ÉTICA EM SEUS PROJETOS PROFISSIONAIS!!!

Um grande abraço.

Magaly

P.S= Peço a permissão de encaminhar seu caso ao grupo do curso que ora estou realizando.

Tiscilla Cabral Dohms disse...

Olá Magaly,

Obrigada pelo comentário e fique à vontade para divulgar o caso, pois vejo nele uma possibilidade de aperfeiçoamento de outros cursos on-line!

Coloco-me à disposição para conversar, através do e-mail/gtalk: tiscilla@gmail.com

Abraços,
Tiscilla